Acima de tudo Erdmute Blach é uma pintora. Mas também é altamente
inspirada por outras disciplinas da arte, especialmente a poesia e a
música.De vez em quando ela faz uma ponte, por exemplo
adicionando action painting num retroprojetor para uma performance
de música ou dança: ela reage, interpreta, complementa e cria algo
novo.
Mas, geralmente, a ponte é menos óbvia. Ela pinta em resposta a uma
música ou um poema que tocou a sua alma. O seu estilo é o
expressionismo abstrato, mas ela explora as suas fontes de inspiração
como uma impressionista. Alguns artistas visuais que foram inspirados
pela música realizaram obras nas quais as características musicais,
como ritmo, harmonia, dissonância e timbre podem ser facilmente
reconhecidas (por exemplo, Mondrian, Kandinsky, ..). Mas isso não se
aplica nas obras da Erdmute Blach. Ela pinta num estado de espírito em
que evoca o momento em que ouviu a música ou leu o poema.
Possivelmente pinta com as mesmas emoções do compositor ou poeta
durante as suas criações. É irrelevante que o espectador não veja isso
nas suas pinturas. Este não precisa de saber das suas fontes ou gatilhos.
Ele está intrigado com o que suspeita ver: emoção contida?, uma
história?, um estudo da cor racional ou „Wanderung“ intuitivo?
Desde que Erdmute Blach descobriu o Alentejo, a natureza tornou-se
cada vez mais importante: como uma chave para escapar à rotina
diária, como uma fonte de inspiração e como um elemento no seu
vocabulário visual. Ela permitiu o verde na sua paleta.
Cada dia da sua residência, a artística começa com yoga, pequeno-
almoço e uma caminhada longa. Caminhando, ela “absorve” as cores,
as formas e padrões. De volta ao seu estúdio, analisa as suas
impressões e confia-as à tela, principalmente na forma de grandes
áreas de cor e às vezes em pequenos pontos que lembram as cores do
íris selvagem, tojo e papoula.
„Mudança“ pode ser um forasteiro nesta exposição, mas também é
uma obra-prima. Em três painéis unidos Erdmute Blach mostra o
desenvolvimento, ao longo de três anos, da cor de uma pernada de um
sobreiro após ter sido removida a cortiça. Esta pintura mostra drama,
força e estranhesa, mesmo que não se saiba a sua fonte de inspiração.
Erdmute Blach é motivada e energizada por situações em que os outros
sentem que falta algo. O vazio dá estrutura ao espaço, o silêncio cria
histórias e incertezas, é a fonte da inovação.
Ludger van der Eerden, Carolien van der Laan
2015